top of page

Dona Marta ou Santa Marta? 

A ocupação da Área começou por volta de 1940, por famílias que vieram principalmente do norte fluminense e do sul de Minas Gerais.
Apesar de oficialmente o nome do morro enquanto localização geográfica chamar-se Dona Marta, existe sempre uma dúvida para as pessoas, em relação ao nome da favela; afinal das contas, o nome é morro Santa Marta - como chamado pelos moradores - ou Morro Dona Marta? É na busca das origens do nome da favela, que confunde até aos moradores mais antigos, que encontramos a solução do impasse.
Existem duas versões mais popularizadas entre os moradores sobre as origens do nome da comunidade. A história mais citada relata que o assentamento passou a ser chamado de Favela Santa Marta, devido ao nome da igreja católica construída no local à época da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Outra história sustentada por moradores mais velhos, é de que antigamente toda a localidade pertencia à uma senhora fazendeira de nome Marta. A sua família, posteriormente ao início do assentamento, cedeu a terra aos novos ocupantes, pelo que é citada respeitosamente pelos moradores. As duas histórias fazem sentido; em mapas do final do século passado, já se lia o nome morro Dona Marta, referente ao maciço no qual a favela está encrostada hoje em dia, o que explica a versão de uma possível "proprietária" de nome Marta. A herança do nome da igreja também é plausível, pois a população - historicamente de forte devoção católica - chama sua comunidade de "morro Santa Marta". Assim, a confusão em relação ao nome da comunidade deve-se à junção de dois termos distintos e desconhecidos como tal para a grande maioria: o Morro Dona Marta referente à montanha que abriga a comunidade e favela Santa Marta, que diz respeito à comunidade propriamente dita.

 

Habitação:

Em 1988, a cidade do Rio de Janeiro conheceu algumas das piores chuvas de sua história, o que ocasionou o desmoronamento de alguns barracos. Apesar da existência de palafitas, nos últimos anos percebeu-se um acentuado crescimento da reforma e construção de casas de alvenaria. É perceptível a mudança comparando-se lado a lado uma foto do morro hoje com outra de 10 anos atrás. A região alta do morro, próxima ao pico e onde o Ecomuseu Nega Vilma está situado é mais pobre e possui menos atenção por parte das instituições de auxilio.
 

Violência:

Por ser íngreme, ter becos apertados que formam um grande labirinto e pelo menos dois pontos de fuga, o morro é ponto estratégico. O Dona Marta já presenciou famosas guerras do passado, como em 87, a guerra entre duas quadrilhas locais, que mobilizou praticamente toda a polícia civil e militar do Rio de Janeiro e deixou para a posteridade uma imagem que percorreu e se popularizou pelo mundo: a adolescente Ana Karla, de apenas 14 anos, sob efeitos de drogas, com uma pistola 7,65 nas mãos. Segundo jornais da época, Ana era um dos soldados de "Cabeludo", o líder de uma das quadrilhas que mais tarde foi assassinado pelo grupo rival. 

Relatos sobre o comando do traficante Marcinho VP estão registrados no livro "Abusado - O Dono do Morro Dona Marta" do Reporter Caco Barcelos.

 

Pacificação:

 

A primeira favela a ser pacificada foi Santa Marta, em 2008. Está localizada num ponto-chave do Rio, entre o centro e Botafogo, o que permite grande visibilidade pública. Em 1995, Michael Jackson tinha gravado ali o videoclip de They Don't Care About Us (Eles não Querem Saber de Nós). Na época, Spike Lee, o diretor do vídeo, disse ter negociado a segurança de sua equipe com "Verdadeiros donos do lugar", fazendo referência aos traficantes.

Hoje, o edifício mais elevado é a UPP, um castelo de cimento no meio de um mar de madeira e zinco. A major Priscilla Azevedo foi a primeira a coordenar tal estrutura que dispunha de um efectivo de 117 militares para patrulhar uma área onde habitam oito mil pessoas: "Temos videovigilância e agentes na rua, uns fardados, outros não".

Em Dezembro de 2007, a Brigada de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE) cercou o morro. "Ninguém entrava e ninguém saía sem ser revistado", lembra a major. Durante dois meses, houve uma operação de limpeza. Todas as casas passadas a pente fino, muito tiroteiro pelo meio. Balanço final: cinco traficantes mortos, nove detidos, alguns fugidos. 

Depois de dois meses de guerra em Santa Marta, a comandante da UPP enfrentou um desafio que, na sua opinião, revelou-se igualmente difícil: conquistar a população. "As pessoas desconfiavam da gente, na favela todo o mundo é educado a olhar para o policial como inimigo". Então a mulher teve uma ideia. "Senti que, se trouxesse os filhos, os pais viriam atrás".  Aulas gratuitas de artes marciais, futebol e música convocam diariamente mais de trezentas crianças do bairro. Os professores são agentes da PM.

Santa Marta

Música: Selva Social (Kadão Costa/ Pollyanna Ferrari) 

Gravação: Grupo Fala Brasil

Voz: Pollyanna Ferrari  - Violão: Lucas Tibúrcio - Percussão: Kadão Costa - Flauta: Gabriela Koatz

bottom of page